terça-feira, 17 de junho de 2014

Resumo expandido: Conheça o trabalho do GETEMAT em Vilhena

GETEMAT – uma experiência de formação de professores dos anos iniciais em uma comunidade de aprendizagem*

Maria Cândida Müller
Universidade Federal de Rondônia/Campus de Vilhena



GRUPO DE ESTUDO E TRABALHO PEDAGÓGICO DE ENSINO DE MATEMÁTICA (GETEMAT)
Vilhena, RO

Resumo:

O grupo GETEMAT se originou do Projeto de Pesquisa GETEMAT– GRUPO DE ESTUDO E TRABALHO PEDAGÓGICO DE ENSINO DE MATEMÁTICA: Formação Continuada de Professores dos Anos Iniciais Para o Ensino de Matemática. O grupo constituído por docentes da educação básica (professoras dos anos iniciais da rede municipal de Vilhena), futuros professores (estudantes de graduação em Pedagogia) e docentes da universidade. Nas reuniões do GETEMAT se procura discutir a prática das professoras envolvidas no projeto seguindo os princípios de um grupo de trabalho colaborativo. A partir do referencial teórico proposto por Cochran-Smith; Lytle e pelos documentos produzidos pelo GETEMAT ao longo de dois anos e meio,  pode-se afirmar que o GETEMAT se constitui em uma Comunidades de aprendizagem do professor.
Palavras-chave: Educação Matemática. Formação de Professores. Anos Iniciais. Comunidades de Aprendizagem.

1.                  O início do GETEMAT

O grupo GETEMAT se originou do Projeto de Pesquisa GETEMAT– GRUPO DE ESTUDO E TRABALHO PEDAGÓGICO DE ENSINO DE MATEMÁTICA: Formação Continuada de Professores dos Anos Iniciais Para o Ensino de Matemática, proposto por mim como docente do Curso de Pedagogia do Campus de Vilhena da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que foi submetido e aprovado pelo CNPq, através do Edital nº55/2008 – CT Amazônia.
A proposta de formação continuada em serviço desenvolvida pelo GETEMAT foi baseada em experiências realizadas na área de formação de professores que privilegiam o acompanhamento do professor durante sua capacitação e a efetiva integração dos estudos realizados ao seu cotidiano na escola, através dos grupos de trabalho.  O trabalho de pesquisa foi desenvolvido a partir de dois eixos principais: o primeiro contemplou a organização de cursos específicos de aprimoramento do conhecimento matemático relacionado aos conteúdos dos anos iniciais do Ensino Fundamental; o segundo, e eixo principal da proposta, era a formação de grupos de estudo para discussão de aspectos teóricos relevantes à prática em sala de aula, estudando os diversos conteúdos de Matemática sob a óptica do ensino dos mesmos nos anos iniciais do Ensino Fundamental que originou o grupo GETEMAT.
Uma primeira ideia do projeto GETEMAT era a de que seria desenvolvido segundo os princípios da pesquisa-ação, pois além de coletar dados para o estudo de uma proposta de formação continuada, sempre houve a intenção de promover mudanças no trabalho em sala de aula do professor que participasse do projeto, possibilitando que seus alunos tivessem um ensino mais qualificado e significativo.
Segundo Thiollent (1996), a pesquisa-ação é uma estratégia metodológica na qual há uma ampla e explícita interação entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação investigada. Desta interação resulta a ordem de prioridade dos problemas a serem pesquisados e as soluções a serem encaminhadas. Nesta perspectiva, as  pautas das reuniões do grupo GETEMAT, ao longo de dois anos e meio de sua implantação, sempre foram propostas pelas professoras dos anos iniciais que atuavam na rede municipal de Vilhena (RO), e procuravam atender as demandas e solicitações das participantes do grupo.

2.                  Comunidades de Aprendizagem e o GETEMAT

Nas reuniões do GETEMAT se procurou discutir a prática das professoras envolvidas no projeto seguindo os princípios de um grupo de trabalho colaborativo, que pode ser caracterizado, de acordo com Fiorentini (2004, p. 59-60) da seguinte forma:
[...] a participação é voluntária e todos os envolvidos desejam crescer profissionalmente e buscam autonomia profissional; há um forte desejo de compartilhar saberes e experiências, reservando, para isso, tempo livre para participar do grupo; há momentos, durante os encontros, para bate-papo informal, reciprocidade afetiva, confraternização e comentários sobre experiências e episódios da prática escolar ocorridos durante a semana; os participantes sentem-se à vontade para expressar livremente o que pensam e sentem e estão dispostos a ouvir críticas e a mudar; não existe uma verdade ou orientação única para as atividades. Cada participante pode ter diferentes interesses e pontos de vista, aportando distintas contribuições e diferentes níveis de participação; as tarefas e atividades dos encontros são planejadas e organizadas de modo a garantir que o tempo da reunião do grupo seja o mais produtivo possível; a confiança e o respeito mútuo são essenciais ao bom relacionamento do grupo; os participantes negociam metas e objetivos comuns, corresponsabilizando-se para atingi-los; os participantes compartilham significados acerca do que estão fazendo e aprendendo e o que isso significa para suas vidas e prática profissional; [...] produzir e sistematizar conhecimentos através de estudos investigativos sobre a prática de cada um; reciprocidade de aprendizagem.

Assim, a proposta do grupo GETEMAT, grupo constituído por docentes da educação básica (professoras dos anos iniciais da rede municipal de Vilhena), futuros professores (estudantes de graduação em Pedagogia) e docentes da universidade, tornou-se um espaço privilegiado de formação continuada, constituindo-se ao longo do tempo em uma comunidade de aprendizagem. Nas reuniões do grupo são discutidos temas como: a formação da professora dos anos iniciais; a natureza do conhecimento matemático; estratégias para o ensino dos conceitos matemáticos; utilização de materiais didáticos, jogos e outros recursos no desenvolvimento do trabalho pedagógico.
Comunidades de aprendizagem do professor, de acordo com Cochran-Smith; Lytle (2002), de forma geral é um termo utilizado para se referir a projetos, programas, cooperativos e colaborativos de futuros professores, professores com experiência em parceria com um professor da universidade, que apoia a educação continuada dos participantes do grupo. As autoras também definem as comunidades como grupos formados por professores novos e experientes que se reúnem durante um tempo, objetivando obter novas informações, reconsiderar seu conhecimento e suas crenças prévias e construir suas próprias ideias e experiências a fim de melhorar sua prática e a aprendizagem dos seus alunos tanto da educação básica quanto de outros segmentos de ensino. Nesta perspectiva, se pode afirmar que o GETEMAT se constituiu em uma comunidade de aprendizagem do professor.

Referências

COCHRAN-SMITH, M.; LYTLE, S. L. Teacher Learning Communities. Encyclopedia of Education.  2nd Edition. J. Guthrie (P.). New York: Macmillan, 2002.
FIORENTINI, D. Pesquisar práticas colaborativas ou pesquisar colaborativamente? In: Borba, M. (org.) Pesquisa qualitativa em Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.  P. 47-76.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1996.


* Trabalho apresentado no IV SHIAM - Seminário Nacional de Histórias e Investigações de/em aulas de Matemática, Unicamp, 2012.

Fonte: GETEMAT

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