GETEMAT – uma experiência de formação de
professores dos anos iniciais em uma comunidade de aprendizagem*
Maria Cândida Müller
Universidade Federal de Rondônia/Campus de Vilhena
GRUPO DE ESTUDO E TRABALHO
PEDAGÓGICO DE ENSINO DE MATEMÁTICA (GETEMAT)
Vilhena, RO
Resumo:
O grupo GETEMAT
se originou do Projeto de Pesquisa GETEMAT– GRUPO DE ESTUDO E TRABALHO
PEDAGÓGICO DE ENSINO DE MATEMÁTICA: Formação Continuada de Professores dos Anos
Iniciais Para o Ensino de Matemática. O grupo
constituído por docentes da educação básica (professoras dos anos iniciais da
rede municipal de Vilhena), futuros professores (estudantes de graduação em
Pedagogia) e docentes da universidade. Nas reuniões do GETEMAT se procura
discutir a prática das professoras envolvidas no projeto seguindo os princípios
de um grupo de trabalho colaborativo. A
partir do referencial teórico proposto por Cochran-Smith; Lytle e pelos
documentos produzidos pelo GETEMAT ao longo de dois anos e meio, pode-se afirmar que o GETEMAT se constitui em
uma Comunidades de aprendizagem do
professor.
Palavras-chave: Educação Matemática. Formação de Professores. Anos Iniciais. Comunidades
de Aprendizagem.
1.
O início
do GETEMAT
O
grupo GETEMAT se originou do Projeto de Pesquisa GETEMAT– GRUPO DE ESTUDO E
TRABALHO PEDAGÓGICO DE ENSINO DE MATEMÁTICA: Formação Continuada de Professores
dos Anos Iniciais Para o Ensino de Matemática, proposto por mim como docente do
Curso de Pedagogia do Campus de Vilhena da Universidade Federal de Rondônia
(UNIR), que foi submetido e aprovado pelo CNPq, através do Edital nº55/2008 –
CT Amazônia.
A
proposta de formação continuada em serviço desenvolvida pelo GETEMAT foi
baseada em experiências realizadas na área de formação de professores que
privilegiam o acompanhamento do professor durante sua capacitação e a efetiva
integração dos estudos realizados ao seu cotidiano na escola, através dos
grupos de trabalho. O trabalho de
pesquisa foi desenvolvido a partir de dois eixos principais: o primeiro
contemplou a organização de cursos específicos de aprimoramento do conhecimento
matemático relacionado aos conteúdos dos anos iniciais do Ensino Fundamental; o
segundo, e eixo principal da proposta, era a formação de grupos de estudo para discussão de aspectos teóricos
relevantes à prática em sala de aula, estudando os diversos conteúdos de
Matemática sob a óptica do ensino dos mesmos nos anos iniciais do Ensino
Fundamental que originou o grupo GETEMAT.
Uma primeira ideia do
projeto GETEMAT era a de que seria desenvolvido segundo os princípios da pesquisa-ação, pois além de coletar
dados para o estudo de uma proposta de formação continuada, sempre houve a
intenção de promover mudanças no trabalho em sala de aula do professor que
participasse do projeto, possibilitando que seus alunos tivessem um ensino mais
qualificado e significativo.
Segundo Thiollent
(1996), a pesquisa-ação é uma estratégia metodológica na qual há uma ampla e
explícita interação entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação
investigada. Desta interação resulta a ordem de prioridade dos problemas a
serem pesquisados e as soluções a serem encaminhadas. Nesta perspectiva, as pautas das reuniões do grupo GETEMAT, ao
longo de dois anos e meio de sua implantação, sempre foram propostas pelas
professoras dos anos iniciais que atuavam na rede municipal de Vilhena (RO), e
procuravam atender as demandas e solicitações das participantes do grupo.
2.
Comunidades
de Aprendizagem e o GETEMAT
Nas reuniões do GETEMAT
se procurou discutir a prática das professoras envolvidas no projeto seguindo
os princípios de um grupo de trabalho
colaborativo, que pode ser caracterizado, de acordo com Fiorentini (2004,
p. 59-60) da seguinte forma:
[...] a participação é voluntária
e todos os envolvidos desejam crescer profissionalmente e buscam autonomia
profissional; há um forte desejo de compartilhar saberes e experiências,
reservando, para isso, tempo livre para participar do grupo; há momentos,
durante os encontros, para bate-papo informal, reciprocidade afetiva,
confraternização e comentários sobre experiências e episódios da prática
escolar ocorridos durante a semana; os participantes sentem-se à vontade para
expressar livremente o que pensam e sentem e estão dispostos a ouvir críticas e
a mudar; não existe uma verdade ou orientação única para as atividades. Cada
participante pode ter diferentes interesses e pontos de vista, aportando
distintas contribuições e diferentes níveis de participação; as tarefas e
atividades dos encontros são planejadas e organizadas de modo a garantir que o
tempo da reunião do grupo seja o mais produtivo possível; a confiança e o
respeito mútuo são essenciais ao bom relacionamento do grupo; os participantes
negociam metas e objetivos comuns, corresponsabilizando-se para atingi-los; os
participantes compartilham significados acerca do que estão fazendo e
aprendendo e o que isso significa para suas vidas e prática profissional; [...]
produzir e sistematizar conhecimentos através de estudos investigativos sobre a
prática de cada um; reciprocidade de aprendizagem.
Assim, a proposta do
grupo GETEMAT, grupo constituído por docentes da educação básica (professoras
dos anos iniciais da rede municipal de Vilhena), futuros professores
(estudantes de graduação em Pedagogia) e docentes da universidade, tornou-se um
espaço privilegiado de formação continuada, constituindo-se ao longo do tempo em
uma comunidade de aprendizagem. Nas reuniões do grupo são discutidos temas como:
a formação da professora dos anos iniciais; a natureza do conhecimento
matemático; estratégias para o ensino dos conceitos matemáticos; utilização de
materiais didáticos, jogos e outros recursos no desenvolvimento do trabalho
pedagógico.
Comunidades
de aprendizagem do professor, de acordo com
Cochran-Smith; Lytle (2002), de forma geral é um termo utilizado para se
referir a projetos, programas, cooperativos e colaborativos de futuros
professores, professores com experiência em parceria com um professor da
universidade, que apoia a educação continuada dos participantes do grupo. As
autoras também definem as comunidades como grupos formados por professores
novos e experientes que se reúnem durante um tempo, objetivando obter novas
informações, reconsiderar seu conhecimento e suas crenças prévias e construir
suas próprias ideias e experiências a fim de melhorar sua prática e a
aprendizagem dos seus alunos tanto da educação básica quanto de outros
segmentos de ensino. Nesta perspectiva, se pode afirmar que o GETEMAT se
constituiu em uma comunidade de aprendizagem do professor.
Referências
COCHRAN-SMITH,
M.; LYTLE, S. L. Teacher
Learning Communities. Encyclopedia of Education. 2nd Edition. J.
Guthrie (P.). New York: Macmillan, 2002.
FIORENTINI,
D. Pesquisar práticas colaborativas ou pesquisar colaborativamente? In: Borba,
M. (org.) Pesquisa qualitativa em
Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. P. 47-76.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1996.
* Trabalho apresentado no IV SHIAM - Seminário Nacional de Histórias e Investigações de/em aulas de Matemática, Unicamp, 2012.
Fonte: GETEMAT