Este e-book reúne artigos que discutem temas significativos para aqueles que se interessam pela formação inicial e continuada de professores, ensino da matemática nos anos iniciais de escolarização, a literatura e currículos de cursos de Letras, o ensino da leitura, da língua portuguesa e letramentos. São discussões que convergem na preocupação de seus autores em oferecer contribuições de cunho teórico-prático que tenham repercussões entre professores universitários e da escola básica.
Num momento em que se registra grande preocupação com a formação dos professores para a escola básica e, principalmente, com a qualidade da formação que a universidade vem oferecendo, as discussões ofertadas pelos autores reforçam a necessidade de estabelecer relações sólidas entre teoria e prática, entre formação específica e pedagógica. O lugar menor que se atribui à formação pedagógica na universidade – que redunda na desarticulação entre educação superior e educação básica – não está dissociada da polêmica relação entre teoria e prática. Isso porque ainda prevalece, na construção dos projetos políticos pedagógicos das licenciaturas, a visão bacharelesca, centrada na valorização da formação específica e em detrimento da pedagógica. Prevalece, principalmente, uma espécie de aversão aos fazeres e saberes ligados à docência e às práticas de ensino. Ao mesmo tempo, a formação específica ganha materialidade em disciplinas que privilegiam discussões genéricas, voltadas para a descrição teórica, sem relação clara com o próprio fazer da profissão.
A parte específica não garante ao professor domínio dos conhecimentos próprios de sua área e, consequentemente, torna-se insuficiente para que apresente domínio de seu objeto de ensino. Afetada por essas contradições, a formação inicial e continuada são realizadas de forma fragmentada e descolada das reais necessidades das escolas. As disciplinas didáticas, nos cursos de licenciatura em geral (prática de ensino e metodologia), não estabelecem o equilíbrio entre teoria e prática. O exemplo mais explícito dessa situação são os estágios supervisionados que não funcionam como espaço e tempo de efetiva construção de elos entre os que se faz na universidade e na escola.
Esses são alguns dos problemas históricos que têm impedido que haja um eixo que garanta uma formação consistente do professor para a escola básica. Nesse sentido, embora seja inegável que, nos últimos anos houve uma forte ação do governo federal no sentido de aumentar o lugar das licenciaturas nas universidades e, consequentemente, formular políticas destinadas à formação e à valorização da profissão docente para a escola básica, ainda cabem indagações em torno da execução dessas políticas; faz-se necessário questionar a natureza, a qualidade e o caráter efetivamente novo que vem sendo atribuído a tais ações.
Fonte: Texto integral de apresentação do e-book em questão.